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A disputa política no Corinthians voltou a se intensificar nesta segunda-feira (24), com declarações públicas entre Augusto Melo e Armando Mendonça. O presidente afastado respondeu a críticas do vice-presidente com uma postagem nas redes sociais, na qual o chamou de “Judas moderno”.
Augusto acusou Mendonça de traição e afirmou que ele fingiu lealdade antes de romper com sua gestão. “Vice-presidente tem que ser… vice. Não estrela, não dono, não articulador solitário”, escreveu o ex-mandatário, sinalizando ainda que a expulsão do vice seria inevitável.
A postagem foi uma resposta a uma publicação de Mendonça feita no domingo (23), também no Instagram. Nela, o vice chamou Augusto de “Pinóquio do Parque São Jorge” e defendeu que os sócios promovam a expulsão do ex-aliado da vida política do clube.
Mendonça usou uma foto da posse de Augusto, em janeiro, para reforçar a crítica. Na imagem, aparecem Toninho Duettos e Sandro Ribeiro, envolvidos em investigações sobre o caso da antiga patrocinadora do clube, a VaideBet. Os dois são citados como intermediários na apuração conduzida pela Polícia Civil.
Augusto Melo, por sua vez, negou à polícia conhecer Sandro Ribeiro. Sobre Duettos, afirmou que o conheceu após um encontro com o cantor Gusttavo Lima, que atuava como embaixador da empresa investigada.
Vice-presidente não deixou de criticar gestão anterior e comentou sobre as pretensões do alvinegro em relação a saídas e chegadas de jogadores
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A turbulenta gestão de Augusto Melo no Corinthians continua repercutindo nos bastidores do clube. Em entrevista recente, o vice-presidente Armando Mendonça fez duras críticas ao ex-mandatário e detalhou os desafios herdados da antiga administração, além de comentar os próximos passos para o elenco alvinegro.
Mendonça afirmou que a “era Augusto Melo” foi marcada por promessas não cumpridas e decisões centralizadas. Segundo ele, o discurso de profissionalismo e transparência não se concretizou, e o clube acabou sendo conduzido por aliados pessoais do ex-presidente, sem critérios técnicos. O vice relembrou que, ao alertar Melo sobre irregularidades no contrato com a VaideBet, foi ignorado e posteriormente isolado dentro da diretoria.
Com a saída de Melo e a posse interina de Osmar Stabile, Mendonça destacou que o foco agora é reconstruir a credibilidade institucional. Ele classificou a situação financeira como “herança maldita”, citando dívidas com atletas, fornecedores e um caixa praticamente esvaziado. Para reverter esse cenário, o clube pretende adotar medidas de austeridade e buscar novas fontes de receita, incluindo a revisão de contratos e a valorização da base.
Sobre o elenco, o vice-presidente revelou que a comissão técnica liderada por Dorival Júnior terá autonomia para definir saídas e reforços. A ideia é manter uma espinha dorsal competitiva, mas com ajustes pontuais que respeitem o orçamento. A diretoria também pretende investir em jovens talentos, promovendo integração entre as categorias de base e o time principal.
Mendonça ainda comentou a importância de blindar o ambiente interno, evitando interferências políticas e priorizando o desempenho esportivo. Ele reforçou que o clube precisa de estabilidade para voltar a disputar títulos e recuperar a confiança da torcida. A expectativa é que, com a definição do processo de impeachment de Augusto Melo em agosto, o Corinthians possa iniciar um novo ciclo, mais transparente e profissional.
Investigação policial reconhece que pessoa ligada a Augusto Melo quando era presidente do Timão poderia ter evitado problemas recentes do clube
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A Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito sobre o escândalo envolvendo a antiga patrocinadora máster do Corinthians, a empresa VaideBet, e indiciou o ex-diretor jurídico do clube, Yun Ki Lee, por omissão imprópria. Segundo o relatório final, Lee tinha a obrigação legal de agir para evitar irregularidades no contrato firmado com a empresa, mas falhou ao não encaminhar o documento para o setor de compliance e ao ignorar inconsistências evidentes.
O delegado responsável pelo caso, Tiago Fernando Correia, destacou que Lee assumiu a responsabilidade de revisar o contrato, mas não apontou falhas nem alertou sobre a ausência de CNAE compatível com a atividade da empresa intermediária. Além disso, ele teria recebido um formulário da VaideBet com espaço para indicar um intermediário, onde constava que a comissão seria paga pela própria patrocinadora — detalhe que também passou despercebido por ele.
A omissão de Lee é considerada penalmente relevante com base no artigo 13, parágrafo 2º do Código Penal, que responsabiliza quem, tendo o dever de agir, se abstém de impedir um resultado ilícito. A investigação apontou que sua conduta contribuiu diretamente para o prejuízo causado ao clube.
Yun Ki Lee ocupou o cargo entre janeiro e maio de 2024, durante a gestão de Augusto Melo, e pediu desligamento em meio à crise instaurada. Ele também é conselheiro eleito pela chapa Paixão Corinthiana, grupo que apoiou Melo na eleição presidencial. A defesa de Lee teve acesso ao processo e exerceu o direito à ampla defesa antes da conclusão do inquérito.
Com o encerramento da investigação, o Ministério Público de São Paulo analisará o material para decidir se oferece denúncia formal sobre o ex-dirigente. Caso aceite, Lee e outros envolvidos, incluindo Augusto Melo e ex-diretores, poderão se tornar réus em processo criminal. O caso segue como um dos maiores escândalos administrativos da história recente do Corinthians.
As duas gigantes estão na briga para ter o alvinegro como um dos clubes no próximo ano. A alemã fez proposta enquanto a norte-americana quer cobrir valores
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O Corinthians vive uma semana que pode ser considerada como uma ‘final’ fora das quatro linhas. A diretoria do clube está prestes a definir quem será sua fornecedora de material esportivo pelos próximos anos: Adidas ou Nike. A escolha envolve cifras milionárias, questões jurídicas e interesses estratégicos que vão além do campo.
A Adidas, que iniciou negociações ainda na gestão de Augusto Melo, apresentou uma proposta robusta ao presidente interino Osmar Stabile. A oferta inclui luvas entre R$ 80 milhões e R$ 85 milhões por ano, além de bônus não divulgados. A empresa alemã também promete maior distribuição de produtos e ações de marketing mais agressivas, o que agrada parte da diretoria e do Conselho de Orientação (Cori).
Por outro lado, a Nike, parceira do clube desde 2003, ainda não formalizou uma contraproposta, mas sinalizou verbalmente que pode superar os valores da concorrente. A gigante norte-americana renovou automaticamente seu contrato até 2029 por meio de uma cláusula unilateral, o que gerou desconforto interno. A atual gestão contesta a validade dessa renovação, alegando que foi feita pela distribuidora Fisia, e não diretamente pela Nike.
Entre os trunfos da empresa norte-americana, estão a tradição da parceria, a visibilidade internacional e o fato de o Corinthians ser atualmente o único clube da Série A vestido pela marca. No entanto, há críticas quanto à distribuição de uniformes e à falta de atenção ao mercado nacional, o que impacta negativamente as vendas.
A Adidas, por sua vez, busca retomar espaço no futebol brasileiro e vê no Corinthians uma vitrine estratégica para os alemães que já tem contrato com equipes como Flamengo e Real Madrid. A empresa estaria disposta, inclusive, a arcar com eventuais custos judiciais caso a Nike entre com ação por quebra contratual.
O presidente Osmar Stabile já acionou o Cori para acelerar o processo e deve tomar uma decisão nos próximos dias. A escolha entre as duas gigantes do esporte podem redefinir a imagem do clube no mercado e influenciar diretamente suas receitas nos próximos anos.