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O Corinthians vive uma corrida contra o tempo para garantir que a Neo Química Arena esteja apta a receber sua capacidade máxima de torcedores na retomada do Campeonato Brasileiro, marcada para o dia 13 de julho, contra o Red Bull Bragantino. Com a entrada em vigor da Lei Geral do Esporte no último sábado (15), estádios com capacidade acima de 20 mil pessoas precisam ter sistema de reconhecimento facial funcionando para controle de acesso.
O clube já adquiriu 145 novas catracas e firmou contrato com a empresa Ligatech para implantar o sistema. No entanto, o cronograma prevê uma implementação gradual por setores, com previsão de finalização apenas após sete partidas. Em reuniões com a Polícia Militar e o Ministério Público, o Corinthians argumentou que o atraso foi consequência de decisões da antiga gestão e da troca de fornecedores, ocorrida recentemente.
Diante do risco de ter o público limitado a menos de 20 mil pessoas no próximo jogo em casa, a diretoria trabalha em duas frentes: solicitar uma prorrogação de prazo de até três meses para conclusão total do sistema ou buscar uma interpretação jurídica que permita liberar o estádio gradualmente, conforme os setores forem adaptados. A ausência de eventos-teste, causada pela troca do gramado da Arena, tem dificultado os ajustes e validações necessárias.
Internamente, o clube tem mobilizado sua equipe para acelerar o cadastramento facial dos sócios-torcedores. Um reforço no time de atendimento e campanhas de comunicação vêm sendo feitos para orientar os torcedores sobre como concluir o processo, que será obrigatório para acesso ao estádio quando o sistema entrar em operação.
A obrigatoriedade da identificação biométrica facial foi estabelecida pela Lei Geral do Esporte, sancionada em 2023, com o objetivo de reforçar a segurança e o controle de acesso em grandes eventos esportivos. Agora, o Corinthians tenta conciliar as exigências legais com a urgência de manter a Arena cheia e minimizar impactos financeiros e esportivos na reta decisiva do Brasileirão.
Presidente interino Osmar Stabile apresentou à Justiça o argumento baseado no RCE e evitou prejuízo imediato ao fluxo de caixa
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A gestão interina do Corinthians, presidida por Osmar Stabile, obteve na Justiça a suspensão de uma ordem de bloqueio de cerca de R$ 9 milhões. O valor seria retirado dos cofres do clube por cobrança da Fazenda Pública. A decisão foi comunicada oficialmente pelo clube nesta terça-feira.
O departamento jurídico argumentou que o pagamento de dívidas deve ocorrer por meio do Regime Centralizado de Execuções (RCE). Esse modelo foi apresentado à Justiça como forma de garantir organização nas quitações, além de impedir prejuízos operacionais.
De acordo com os advogados do clube, o RCE estabelece uma fila única de pagamentos, com tratamento igualitário aos credores. Com isso, bloqueios isolados deixam de ser permitidos, preservando o funcionamento da instituição e a previsibilidade financeira. Em busca de manter essas garantias financeiras, o Corinthians se encontrou com patrocinadores nesta terça-feira.
“A decisão obtida pelo Departamento Jurídico é extremamente importante, pois permite que o Corinthians continue operando normalmente, sem a incidência de bloqueio judicial, o que comprometeria a projeção financeira do clube”, declarou o assessor jurídico Leonardo Pantaleão.
O plano de RCE foi aprovado pela Justiça de São Paulo e confirmado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça em abril. O Corinthians pretende usar 4% de suas receitas recorrentes e 5% das entradas de caixa com vendas de jogadores para pagar R$ 367 milhões em dívidas nos próximos 10 anos.
Durante reunião em Porto Alegre, credor revelou ter bancado campanha eleitoral e revelou cessão de camarotes na Arena por parte de ex-presidente do Timão
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O empresário Igor Zveibrucker procurou o Corinthians para entender como irá receber os mais de R$ 4 milhões que diz ter emprestado ao clube. A reunião ocorreu em Porto Alegre, entre o empresário e o vice-presidente Armando Mendonça, durante a visita da equipe ao Sul para enfrentar o Grêmio. O dirigente explicou que os créditos estão inseridos no Regime Centralizado de Execuções (RCE) e que não há possibilidade legal de pagamento fora do plano aprovado pela Justiça.
Zveibrucker também relatou que, sem dinheiro para arcar com os pagamentos, Augusto Melo teria oferecido dois camarotes da Neo Química Arena como forma de abater parte da dívida. O uso dos espaços, sem contratos e pagamentos identificados, está sendo apurado internamente. "Nenhum camarote pode ser cedido sem contrapartida financeira, mesmo com abatimento de eventual crédito", afirmou Armando Mendonça.
Ainda segundo Igor, o Corinthians teria se comprometido a pagar R$ 3,5 milhões ao Água Santa pela contratação do meia Luiz Eduardo, da base. O empresário alegou que congelou parte do pagamento após suspeitas de que Marcos Boccatto, então dirigente remunerado do clube, estaria recebendo parte do valor. Boccatto negou envolvimento, dizendo que nunca participou de negociações de jogadores.
Durante o encontro, Igor Zveibrucker afirmou ter contribuído financeiramente para a campanha eleitoral que levou Augusto Melo à presidência do clube. Segundo ele, custeou brindes e festas destinadas aos associados. A assessoria de Augusto reconheceu o apoio, mas negou que tenha havido qualquer tipo de troca envolvida.
“Não serei omisso diante de irregularidades. Não serei cúmplice de quem trata o clube como propriedade pessoal”, declarou Armando Mendonça à Gazeta Esportiva após a reunião. A diretoria interina avalia responsabilizar Augusto Melo por possíveis danos ao patrimônio do clube e irregularidades envolvendo o caso.
Empresário revela detalhes de fraude envolvendo intermediação de contrato com patrocinadora, avisa sobre levar o clube à Justiça caso não receba valores devidos
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O intermediário do contrato de patrocínio máster entre o Corinthians e a casa de apostas VaideBet, Sandro Ribeiro, admitiu, em depoimento à polícia, que recebeu uma comissão de R$ 1,4 milhão, embora alegue não ter solicitado o valor, afirmando ter sido vítima de uma "empresa de fachada" chamada Neoway.
O caso ganhou força quando a Polícia Civil abriu investigação e enviou ofício ao clube solicitando documentos do contrato e informações sobre a atuação da Rede Social Media Design LTDA — empresa que, formalmente, atuou como intermediária e recebeu cerca de R$ 25,2 milhões em comissões, equivalentes a 7% de um total de R$ 360 milhões.
Em meio ao escândalo, a VaideBet rescindiu unilateralmente o contrato em junho de 2025 com o Corinthians, citando o uso de cláusula anticorrupção. A patrocinadora alegou que a exposição da marca ao caso manchava sua imagem e gerava risco às futuras parcerias.
O Corinthians, por sua vez, se defendeu afirmando que a intermediação foi formal, documentada em contrato e executada conforme padrões de mercado. Também declarou que não tinha conhecimento sobre eventual uso de empresas-laranja por parte das intermediárias.
Apesar das justificativas, a Polícia Civil segue investigando o caso, prorroga o inquérito e avalia detalhes como pagamentos à Neoway — empresa com endereço suspeito e sócia que desconhece qualquer vínculo com o contrato — além de encaminhar provas sobre o fluxo financeiro.