
Clube
|
O Corinthians atravessa um dos momentos mais turbulentos de sua história recente. A atual gestão enfrenta um cenário desafiador, marcado por denúncias de cambismo, investigações policiais e um grave problema financeiro. As dificuldades têm gerado forte pressão interna e externa, com cobranças por respostas concretas e mais transparência nas decisões do clube.
Uma das questões mais delicadas envolve a prática de cambismo, com suspeitas de venda ilegal de ingressos por valores acima dos praticados oficialmente. O caso levou à abertura de investigações por parte das autoridades, que buscam identificar os responsáveis e esclarecer se há envolvimento de dirigentes ou funcionários do clube. As denúncias mancham a imagem institucional do Corinthians e geram revolta entre torcedores.
No campo financeiro, a situação também é preocupante. A diretoria apresentou à Justiça um plano para tentar quitar uma dívida de R$ 367 milhões em 10 anos, utilizando parte das receitas mensais e das vendas de jogadores. No entanto, esse valor representa apenas uma fração do total devido. Em 2024, o clube declarou que suas dívidas acumuladas somavam R$ 2,4 bilhões, incluindo aproximadamente R$ 704 milhões referentes ao financiamento da Neo Química Arena.
Além do cambismo e da crise financeira, o Corinthians também é alvo de um inquérito policial relacionado à gestão do clube. Embora os detalhes ainda estejam sob sigilo, a existência do inquérito adiciona uma nova camada de preocupação sobre a conduta da diretoria e a necessidade de apuração rigorosa dos fatos. O caso reforça a percepção de que há problemas estruturais e administrativos que precisam ser enfrentados com urgência.
Diante desse cenário conturbado, o clube vive um mês decisivo para o futuro da atual gestão. A expectativa é de que medidas concretas sejam tomadas para restabelecer a credibilidade da instituição. Torcedores, conselheiros e parceiros esperam mudanças significativas que vão além de promessas, com foco em ética, transparência e responsabilidade na condução do Corinthians.
Sem apresentar as contas do ano passado, diretoria do Corinthians é cobrada por falta de transparência e levanta preocupações sobre a governança do clube
|
A diretoria do Corinthians não entregou ao Conselho de Orientação (Cori) as contas referentes ao exercício de 2024, o que impede o órgão de emitir um parecer financeiro oficial sobre a atual gestão. A ausência da prestação de contas tem gerado críticas e levantado preocupações sobre a transparência e a governança interna do clube.
O Cori, que tem como função fiscalizar e orientar a administração alvinegra, depende desses documentos para cumprir seu papel estatutário. Sem a documentação, o órgão fica impossibilitado de avaliar a real situação financeira do Corinthians e de orientar decisões futuras com base em dados concretos.
A falta de transparência neste momento é especialmente delicada, considerando os desafios financeiros que o clube já enfrenta, como a perda de patrocinadores e o endividamento ligado à Neo Química Arena. A não entrega das contas pode ampliar a desconfiança entre os conselheiros e a torcida, comprometendo ainda mais a imagem da atual gestão.
Até o momento, a diretoria do clube não se pronunciou oficialmente sobre os motivos do atraso. O silêncio agrava ainda mais o desconforto nos bastidores, pois além de descumprir obrigações estatutárias, alimenta rumores sobre possíveis irregularidades ou desorganização na condução administrativa.
A expectativa agora é que os documentos sejam apresentados o quanto antes, permitindo que o Cori avalie as contas e emita seu parecer. A entrega das informações é essencial para restabelecer a confiança interna e externa no clube, garantindo maior estabilidade e credibilidade à gestão corintiana.
Investigações avançam no caso com depoimentos cruciais dos dirigentes do Corinthians para esclarecer os repasses financeiros suspeitos
|
O Caso VaideBet, que envolve investigações sobre repasses financeiros irregulares entre a patrocinadora VaideBet e o Corinthians, entra em uma fase crucial nesta semana. O presidente do clube, Augusto Melo, juntamente com outros dois ex-dirigentes, prestará depoimentos à Polícia Civil entre os dias 14 e 16 de abril, na sede da 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). A expectativa é que o inquérito seja concluído entre o final de abril e o início de maio.
Cronograma dos Depoimentos:
- 14 de abril: Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo)
- 15 de abril: Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing)
- 16 de abril: Augusto Melo (presidente)
Esses depoimentos são fundamentais para elucidar os detalhes do acordo firmado entre o Corinthians e a VaideBet, especialmente no que se refere aos pagamentos realizados por intermediárias não previstas contratualmente. Investigações anteriores apontaram que R$ 56 milhões foram repassados por meio de empresas não autorizadas, levantando suspeitas de irregularidades financeiras.
Contexto do Caso:
Em janeiro de 2024, o Corinthians anunciou a VaideBet como patrocinadora máster, em um contrato de R$ 360 milhões por três anos. No entanto, em junho do mesmo ano, a patrocinadora rescindiu unilateralmente o contrato após a descoberta de repasses suspeitos. Investigações revelaram que intermediárias não autorizadas, como a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, receberam pagamentos, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro e outras irregularidades.
Próximos Passos:
Com a conclusão dos depoimentos, a Polícia Civil pretende avançar na apuração dos fatos, buscando esclarecer a extensão das irregularidades e responsabilizar os envolvidos. A finalização do inquérito é aguardada com expectativa, visando restabelecer a transparência e a integridade nas relações contratuais do clube.
Ricardo Cury, advogado de Augusto Melo, pede mais tempo para análise de documentos antes de oitiva sobre supostas irregularidades contratuais
|
O advogado Ricardo Cury, representante de Augusto Melo, presidente do Corinthians, solicitou o adiamento do depoimento de seu cliente no caso VaideBet, inicialmente agendado para quarta-feira (16), às 14h. A justificativa apresentada é a falta de acesso integral ao inquérito policial, o que, segundo Cury, impede uma preparação adequada para a oitiva.
Cury argumenta que, sem a análise completa dos documentos, não é possível orientar devidamente seu cliente para esclarecer os pontos da investigação. Ele ressaltou que o pedido de acesso ao inquérito está sob análise da juíza responsável pelo caso, e a expectativa é que a decisão seja tomada após o feriado de Páscoa.
O delegado Tiago Fernando Correia, responsável pela investigação, confirmou o recebimento do pedido de adiamento. A defesa de Augusto Melo expressou preocupações adicionais sobre possíveis vazamentos de informações e o uso político da investigação dentro do clube.
O caso VaideBet investiga supostas irregularidades no contrato de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas VaideBet, firmado em janeiro de 2024 e rescindido unilateralmente em junho do mesmo ano. A investigação está a cargo do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) e da 3ª Delegacia, especializada em casos de lavagem de dinheiro.
Além de Augusto Melo, outros ex-dirigentes do Corinthians, como Marcelo Mariano e Sérgio Moura, também estão convocados para prestar depoimento. A expectativa é que os depoimentos contribuam para o avanço das investigações e esclareçam os detalhes sobre a intermediação do contrato com a VaideBet.