
Clube
|
O presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, afirmou que o clube já havia firmado um acordo com o Mercado Livre antes das recentes polêmicas que abalaram os bastidores do Parque São Jorge. Segundo ele, a negociação estava em estágio avançado e previa a venda dos Naming Rights do centro de treinamento alvinegro. No entanto, o escândalo envolvendo denúncias de irregularidades e a abertura de um processo de impeachment contra sua gestão esfriaram a parceria.
De acordo com Augusto, o contrato estava praticamente fechado quando surgiram as acusações de envolvimento com crime organizado e suspeitas em acordos anteriores, como o da casa de apostas VaideBet. A empresa de e-commerce, diante da instabilidade institucional, optou por suspender temporariamente o avanço das tratativas. “Estava tudo certo. Quando estourou essa história, eles pediram para esperar”, declarou o dirigente.
A revelação gerou reações negativas entre torcedores e conselheiros, que criticaram a exposição pública de uma negociação estratégica em meio a uma crise política. Muitos consideraram a atitude precipitada e prejudicial à imagem do clube, que já enfrenta dificuldades financeiras e desgaste com patrocinadores.
O acordo com o Mercado Livre, segundo apurações, poderia render até R$ 70 milhões por ano ao Corinthians, valor que seria fundamental para aliviar as contas do clube. A perda dessa oportunidade, somada à instabilidade da atual gestão, agrava o cenário de incertezas.
Além disso, a crise política se intensificou com o afastamento de membros da diretoria, indiciamentos daqueles que estavam na gestão de Melo e saídas de jogadores como a de Igor Coronado. A torcida permanece dividida: parte ainda apoia Augusto Melo, enquanto outra exige mudanças imediatas na liderança.
A situação evidencia a fragilidade do planejamento institucional e a necessidade de maior transparência e responsabilidade na condução dos negócios do clube. A possível retomada do acordo com o Mercado Livre dependerá da resolução das pendências internas e da reconstrução da confiança entre as partes envolvidas.
A mobilização da campanha para ajudar amortizar as dívidas do Timão em relação ao seu estádio tem arrecado milhões, mas longe do valor estipulado
|
A Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do Corinthians, segue firme na campanha “Doe Arena Corinthians”, que tem como objetivo ajudar o clube a quitar a dívida da Neo Química Arena. Nesta semana, a entidade anunciou o pagamento do 129º boleto, reforçando o compromisso com a causa e o apoio incondicional ao time do Parque São Jorge.
O valor quitado nesta parcela foi de R$ 3.852,33, transferido diretamente da conta de doações para a Caixa Econômica Federal, instituição responsável pelo financiamento do estádio. A quantia, embora inferior a algumas remessas anteriores, representa mais um passo importante na redução do débito total, que inicialmente girava em torno de R$ 700 milhões. A campanha já teve mais de 160 mil doadores torcedores do Corinthians.
Desde o início da campanha, em novembro de 2024, a mobilização da torcida já arrecadou mais de R$ 40,6 milhões, o que corresponde a cerca de 5,7% da dívida total. A iniciativa, que começou com previsão de encerramento em meados de 2025, foi prorrogada até o final do ano, permitindo que mais torcedores contribuam com o projeto.
As doações são feitas exclusivamente pela plataforma oficial www.doearenacorinthians.com.br, onde o torcedor pode escolher o valor, preencher um breve cadastro e gerar uma chave Pix para efetuar o pagamento. A página também conta com um contador atualizado em tempo real, mostrando o montante arrecadado até o momento.
A campanha tem sido elogiada por sua transparência e prestação de contas, com a Gaviões divulgando regularmente os comprovantes de pagamento e os valores transferidos. A ação reforça o papel ativo da torcida na história do clube, não apenas nas arquibancadas, mas também na sustentação financeira da instituição. Com o apoio contínuo da Fiel, o Corinthians segue firme no objetivo de quitar integralmente a Neo Química Arena e garantir um futuro mais estável para o clube dentro e fora de campo.
Esta foi apenas uma das várias tentativas de Augusto Melo ou aliados dele de judicializar o processo de impeachment e colocá-lo de volta ao poder
|
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo indeferiu, nesta sexta-feira, 4, uma nova ação protocolada por aliados de Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians. Peterson Ruan Aiello e Marcos Ragazzi pediam para que Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube, divulgasse as atas das reuniões dos dias 20 de janeiro e 26 de maio deste ano.
O pedido de tutela antecipada foi rejeitado pela juíza Juliana Maria Maccari Gonçalves, da 5ª Vara Cível do Foro Regional do Tatuapé. No documento, ao qual a reportagem da Gazeta Esportiva teve acesso, a Dra. diz que “não vislumbra a presença dos requisitos legais que autorizariam a concessão da tutela de urgência pretendida”. Ou seja, ela não enxerga necessidade de conceder uma liminar para essa solicitação, uma vez que as atas das tais reuniões podem ser apresentadas no momento oportuno, seguindo as normas do Estatuto do clube.
Este pedido já havia sido feito pelo mesmo autor em uma outra Vara, que também indeferiu a ação. A Dra. Juliana, inclusive, utiliza em seus argumentos uma citação do juíz responsável por este outro processo para justificar sua decisão.
Esta foi apenas uma das várias tentativas de Augusto Melo ou aliados dele de judicializar o processo de impeachment e colocá-lo de volta ao poder. Até o momento, todas as ações foram indeferidas pela Justiça. Como antecipou José Eduardo Cardozo em nota enviada à Gazeta Esportiva, ainda em maio, a ideia da defesa do mandatário é discutir “todas as nulidades, em todas as instâncias da Justiça”.
Augusto Melo foi afastado da presidência do Corinthians no último dia 26 de maio. Na oportunidade, o Conselho Deliberativo do clube se reuniu no Parque São Jorge e decidiu, por ampla maioria, aprovar o processo de impeachment do então presidente por conta do caso VaideBet. O mandatário, vale lembrar, foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro pelo suposto envolvimento no escândalo envolvendo a intermediação do contrato de patrocínio com a casa de apostas.
Além de meios judiciais, Augusto Melo pode retornar às suas funções por meio da Assembleia Geral. No encontro, os associados do clube irão votar para ratificar ou não a decisão do Conselho. Se os sócios aprovarem novamente o impeachment, o mandatário será definitivamente destituído. Caso contrário, ele volta à presidência normalmente e o caso é encerrado.
Peterson é conselheiro trienal do Corinthians e, inclusive, chegou a pedir o afastamento de Romeu por meio de um requerimento enviado à Comissão de Ética, em meados de maio. A Assembleia está marcada para o dia 9 de agosto de 2025, das 9h às 17h (de Brasília), no Parque São Jorge.
Movimentações internas indicam que o Timão pode adotar o padrão de Sociedade Anônima do Futebol como saída para a melhorar a economia do clube
|
O debate sobre a adoção de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no Corinthians voltou a ganhar força nesta quinta-feira (4). A proposta, que transformaria o clube em empresa para atrair investidores, surge como alternativa diante do cenário de crise administrativa e financeira que atinge o Parque São Jorge.
Entre os nomes que teriam manifestado interesse na mudança estão Ronaldo Fenômeno, que já vivenciou o modelo ao lado do Cruzeiro, e o ex-presidente Andrés Sanchez. Ambos participaram das discussões internas e poderiam agregar know-how numa eventual transição. A movimentação acontece às vésperas da assembleia geral marcada para o dia 9 de julho, quando sócios decidirão também sobre o presidente Augusto Melo.
O principal atrativo da SAF é a capacidade de captar recursos externos para sanear dívidas e profissionalizar a gestão. O Corinthians acumula passivos significativos e conta com receitas limitadas para manter competividade no futebol brasileiro – apontando no formato empresarial uma alternativa estratégica.
O tema ainda divide opiniões internamente. Enquanto parte da diretoria e conselheiros veem a SAF como caminho inevitável, há quem tema a perda da natureza associativa e diminuição da influência dos sócios nas decisões. Esse impasse institucional reforça o peso das discussões nas próximas semanas.
A assembleia do dia 9 não definirá só o futuro de Melo, mas também poderá ser um marco para redefinir o modelo de gestão do Timão. Se aprovada, a SAF pode inaugurar nova fase no clube – com governança moderna, captação de investimentos e, possivelmente, consolidação de novos sócios-investidores.