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Ronaldo Fenômeno, ícone do futebol mundial, esteve presente no Charla Podcast da última sexta-feira (22) à noite e se mostrou disposto a investir na SAF do Corinthians, algo que o presidente do clube Augusto Melo, declarou ser contra. "O dia que o Corinthians decidir virar SAF, eu sou o comprador." Disse o ex-camisa 9 do Timão.
Gaviões da Fiel se pronuncia nas redes sociais após desejo de Ronaldo em SAF do Corinthians
Nas redes sociais, a principal torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel, se mostrou completamente contrária as falas do ex-atleta da Seleção Brasileira e iniciou a nota oficial com a seguinte frase: "RONALDO, O CORINTHIANS NÃO ESTÁ À VENDA!" Confira o que publicou a organizada do Timão.
"Lamentamos que, mais uma vez, em uma reta final de campeonato, surjam notícias que tentam tumultuar o ambiente, colocando corinthiano contra corinthiano quando se trata de assunto SAF. Temos ciência de que o clube precisa de profissionalização para superar sua atual situação econômica, mas ter um dono não ajudaria em nada. O Corinthians não precisa ser vendido para ser bem administrado.
A possibilidade de transformar o clube em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) vai contra sua essência popular. O Corinthians nasceu do povo e deve permanecer sob o controle de sua torcida, sem virar mercadoria nas mãos de investidores.
O Gaviões da Fiel Torcida são radicalmente contrários a qualquer tentativa de venda do Corinthians e jamais irão permitir tal feito. O clube não pertence a empresários ou gestores momentâneos, mas sim à sua imensa nação de torcedores, que carregam o time no peito e na arquibancada há mais de um século. A luta para manter o Corinthians como um clube associativo é inegociável.
A história já mostrou que clubes que adotaram a SAF perderam autonomia, identidade e, em muitos casos, viraram apenas negócios sem compromisso com suas raízes, como aquele já feito e desfeito pelo ex-jogador recentemente. O futebol não pode ser tratado apenas como um ativo financeiro, onde a paixão e a tradição são colocadas em segundo plano diante de interesses comerciais.
O Corinthians não seguirá esse caminho. Aqui, quem manda é a Fiel Torcida!"
Documento sigiloso recebido pela Polícia Civil em 2024 citava esquema de dívidas eleitorais e nomes ligados ao Corinthians
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A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o caso VaideBet e apontou que uma denúncia anônima recebida em dezembro de 2024 foi fundamental para o avanço das investigações. A delação foi encaminhada à sede do DPPC e retransmitida à unidade responsável em 12 de dezembro. Apesar do caráter não identificado do denunciante, as autoridades ressaltaram que o conteúdo contribuiu com dados compatíveis com as provas reunidas.
Segundo o documento, o denunciante relatou que Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians, teria contraído dívidas durante as campanhas presidenciais do clube em 2020 e 2023. Para saldar esses débitos, ele teria aberto espaço dentro do clube a interesses de empresários e figuras ligadas ao crime organizado, em um contexto que incluiu a operação com a casa de apostas.
A denúncia também relaciona nomes como Buzeira, Roberto Graziano, o laboratório EMS e até uma suposta ponte com o PCC feita por Marcos Boccatto, dirigente do Corinthians e do Água Santa. O relato ainda sugere que Augusto estaria utilizando colete à prova de balas por medo de represálias de credores.
A delação foi considerada consistente com outros elementos do inquérito, como os extratos bancários do Banco Safra e os depoimentos de testemunhas, entre elas Rubens Gomes, o Rubão, ex-diretor de futebol e aliado na campanha de 2023. Rubão estimou que os custos da campanha giraram em torno de R$ 3 milhões.
Foram indiciados Augusto Melo, Marcelo Mariano, Sergio Moura e Alex Cassundé por associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto qualificado. O ex-diretor jurídico Yun Ki Lee foi indiciado por omissão imprópria. O inquérito também cita que o dinheiro desviado do Corinthians teria ido parar em contas de empresas ligadas ao crime organizado.
Polícia identificou repasses a empresas ligadas ao crime, com transações envolvendo futebolistas e o ex-patrocinador do Timão
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A Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito que apura irregularidades no contrato entre o Corinthians e a casa de apostas VaideBet. Segundo o relatório, houve desvio de recursos por meio da comissão de intermediação, com valores destinados a contas associadas ao crime organizado.
Duas empresas são citadas como responsáveis pela lavagem de dinheiro: Wave Intermediações Tecnológicas e Victory Trading. Os repasses, segundo a investigação, teriam beneficiado a UJ Football Talent, apontada como ligada ao PCC. O Corinthians transferiu R$ 874.150 mil à empresa por meio das intermediadoras.
Nas 272 páginas do inquérito, consta que as operações tinham como objetivo dificultar a identificação da origem dos valores. Em meio às apurações, o atacante Lucero, do Fortaleza, teve seu nome envolvido em duas transações feitas por essas empresas em dezembro de 2023. O jogador não é investigado, e sua equipe afirmou desconhecer as empresas.
As transações ligadas a Lucero envolveram R$ 357.305,00 pagos à Wave e R$ 130.000,00 à Victory Trading. A UJ Football Talent, envolvida nesses valores, atua também no agenciamento de atletas, segundo a investigação.
A conclusão do inquérito resultou no indiciamento de Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sérgio Moura, ex-dirigentes do Corinthians, pelos crimes de lavagem de dinheiro, furto qualificado e associação criminosa. O ex-diretor jurídico Yun Ki Lee também foi indiciado, por omissão imprópria.
Horas antes de deixar o comando do Timão, ex-presidente autorizou aditivo contratual que aumentou multa de funcionário citado no inquérito do caso VaideBet
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Poucas horas antes de ser afastado da presidência do Corinthians, Augusto Melo assinou um aditivo contratual que triplicou a multa rescisória de Marcos Boccatto, Superintendente de Novos Negócios do clube. O documento foi assinado no dia 26 de maio, mesma data em que o Conselho Deliberativo aprovou o impeachment de Augusto. A assinatura foi acompanhada por duas testemunhas ligadas à gestão afastada.
O aditivo elevou a multa de Boccatto de um salário, estimado em R$ 25 mil, para três vezes esse valor. O funcionário foi desligado na primeira semana sob o comando de Osmar Stabile, presidente interino do clube. O vínculo de Boccatto com o Corinthians também é citado no inquérito da Polícia Civil que investigou irregularidades no caso VaideBet.
A Polícia apontou possível ligação de Boccatto com o crime organizado. Ele ocupava cargos simultâneos no Corinthians e no Água Santa, clube citado em denúncia anônima como “comandado pelo PCC”. Assim como outros contratos da gestão, o aditivo em questão não passou pela avaliação do Departamento Jurídico do clube, que afirmou não ter sido informado.
A situação é semelhante a alterações contratuais promovidas com empresas do grupo RF Segurança e Serviços, também assinadas por Augusto Melo e sem a devida consulta ao jurídico. As assinaturas ocorreram semanas antes da decisão do Conselho Deliberativo. À época, Vinicius Cascone era o responsável pelo setor jurídico do clube.
Procurado pela reportagem, Augusto Melo afirmou que não era a pessoa indicada para comentar o caso. “A fonte que te gerou essa informação deveria, em primeiro lugar, zelar pela preservação dos dados das pessoas envolvidas”, declarou, citando a Lei Geral de Proteção de Dados como justificativa para não se manifestar.