Presidente do Corinthians entrega auditoria e pede apuração interna

Na manhã desta segunda-feira (17), a principal torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel, anunciou que terá uma reunião na próxima quarta-feira (19), a partir das 20h, juntamente com os idealizadores da SAFiel, com o intuito de ouví-los a respeito das mudanças e das ideias que pretendem fazer no clube do Parque São Jorge.

Organizada do Corinthians divulga reunião com idealizadores da SAFiel

Nas redes sociais, a Gaviões da Fiel fez um convite a todos os associados a torcida organizada, para comparecer em sua sede. A SAFiel foi oficialmente apresentada no final de outubro, onde membros do Conselho Deliberativo do Corinthians, o presidente do clube, foram convidados para o evento, que ocorreu no Mercado Livre Arena Pacaembu.

Nota oficial da Gaviões da Fiel

REUNIÃO APRESENTAÇÃO DO PROJETO SAFIEL

"Salve, família! Recentemente, o Conselho Deliberativo do Gaviões da Fiel recebeu os idealizadores da Safiel. Após esse encontro, ficou definido que o projeto será apresentado aos nossos associados na próxima quarta-feira (19), a partir das 20h, na Sede do Gaviões.

A Safiel é uma proposta criada por torcedores para transformar o Corinthians em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O objetivo é profissionalizar a gestão, quitar dívidas e garantir que o clube continue sendo dos torcedores como acionistas.Todos os associados estão convidados para conhecer e debater esse projeto. Gaviões da Fiel Torcida."

O que é SAFiel?

A SAFiel prevê a transformação do Corinthians em SAF, com gestão profissional do futebol, mas administrada não por um dono, e sim pelos torcedores, que poderiam comprar ações a preços populares e votar nos conselhos. Integrantes das torcidas organizadas teriam cadeira reservada no Conselho de Fiscalização.

Com uma dívida crescente ao longo dos últimos anos, o Corinthians teria demonstrado incertezas a respeito do Fair Play Financeiro, que foi apresentado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Segundo as informações do jornalista Diogo Dantas, do jornal 'O Globo', a diretoria do clube do Parque São Jorge manifestou receio quanto ao modelo proposto pela entidade.

Corinthians demonstra preocupação com Fair Play Financeiro apresentado pela CBF

A diretoria do Corinthians entende, que as propostas apresentadas pela CBF, deixariam o alvinegro paulista sem alternativa que não fosse recorrer a uma recuperação judicial ou extrajudicial. Vale ressaltar, que a entidade vai introduzir aos poucos o modelo de Fair Play Financeiro, mas as medidas estão previstas para iniciar em janeiro do ano que vem.

A principal queixa do Corinthians de acordo com Diogo Dantas, se dá pela exigência de adequação imediata aos novos vencimentos a partir de 01/01/2026. Essa condição incentiva o clube do Parque São Jorge a priorizar despesas do futebol em detrimento a outras despesas, reduzindo drasticamente a capacidade de honrar compromissos previamente assumidos.

Outra preocupação da diretoria do Corinthians, passa pela obrigação de se manter a média da folha de pagamento do elenco profissional igual à média dos próximos três meses após a implementação do programa. A transição neste ponto do projeto está prevista para acontecer até 2028, mas os pontos de fiscalização já se iniciam em 2026.

Diretor executivo da CBF, Helder Melillo tratou como positiva a reunião e a presença dos clubes para tratar sobre o Fair Play Financeiro. "Ficamos muito felizes com a ampla participação dos clubes e federações, que demonstra o sucesso desse novo modelo de gestão da CBF, pautado pelo diálogo e pela construção coletiva. Recebemos diversas informações e sugestões, e conseguimos acolher cerca de 80% das contribuições."

Prosseguiu ainda o dirigente. "O regulamento que será apresentado reflete, em grande parte, as propostas feitas pelos participantes do GT. Aquilo que, porventura, não estiver contemplado, por ultrapassar o escopo de atuação da CBF no regulamento do Fair Play Financeiro, nós nos colocamos à disposição para atuar como interlocutores junto às instâncias competentes."

A auditoria realizada no Corinthians identificou falhas significativas na administração dos produtos fornecidos pela Nike entre 2024 e 2025. O relatório mostrou que o clube recebeu 41.963 itens apenas em 2025, número 24% superior ao do ano anterior. No acumulado dos dois anos, foram entregues materiais avaliados em R$ 23,7 milhões, ultrapassando em quase 300% o limite contratual de R$ 4 milhões anuais.

Mesmo com excesso, modalidades do alvinegro não tinham uniforme

Apesar do volume elevado, diversas modalidades ficaram sem uniformes adequados. Categorias de base, futebol feminino e esportes aquáticos utilizaram roupas em mau estado ou sequer receberam equipamentos. Em alguns casos, o Corinthians precisou adquirir peças licenciadas, gastando R$ 776 mil para suprir demandas que deveriam ter sido atendidas pela fornecedora oficial.

Vice do Corinthians aparece em auditoria

O documento apontou o vice-presidente Armando Mendonça como responsável por retiradas irregulares. Entre junho e outubro de 2025, foram registrados 131 itens em seu nome, sem seguir os procedimentos internos. Além disso, um funcionário foi flagrado vendendo camisas oficiais do estoque, recebendo pagamento via Pix em operação controlada pelos auditores. O colaborador confessou a prática após denúncia anônima e compra monitorada realizada em outubro.

Material esportivo da Nike não tinha destino

A investigação também constatou acúmulo de uniformes antigos sem destinação, notas fiscais não lançadas e distribuição desigual entre departamentos. O descontrole comprometeu até partidas do time principal: em jogo contra o Fluminense, o clube não possuía quantidade suficiente de camisas do uniforme número.

Mais irregularidades

Foram registradas sete ocorrências graves durante a apuração, abrangendo irregularidades no Parque São Jorge e no CT Joaquim Grava. O relatório de 94 páginas detalhou os desvios e reforçou a necessidade de revisão nos processos de controle de materiais.

Com os resultados, a diretoria terá de adotar medidas para corrigir falhas administrativas e garantir transparência na gestão dos recursos fornecidos pela Nike, evitando prejuízos às equipes e preservando a credibilidade institucional.