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Cartão corporativo do Corinthians tem gastos peculiares do ex-presidente Duílio Monteiro Alves
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A crise política no Corinthians ganhou mais um capítulo nesta terça-feira (22), quando a Justiça de São Paulo negou a liminar solicitada por Ricardo Jorge, advogado e ex-diretor administrativo do clube, para retornar às atividades no Parque São Jorge. A decisão, assinada pela juíza Fernanda Perez Jacomini, da 5ª Vara Cível do Foro Regional do Tatuapé, confirma o afastamento preventivo de Jorge por 60 dias, determinado pela Comissão de Ética do Conselho Deliberativo.
Ricardo Jorge foi suspenso junto a outros aliados do presidente afastado, Augusto Melo, por envolvimento no polêmico ato ocorrido em 31 de maio, quando um grupo tentou anular decisões do Conselho e reconduzir Melo à presidência. A juíza entendeu que não houve irregularidades no processo de afastamento e que o advogado não comprovou a necessidade de estar presente no clube para exercer suas funções.
A tentativa de Jorge de reverter a suspensão foi baseada na alegação de que sua presença no Parque São Jorge naquele dia se deu exclusivamente como defensor de Melo, e não como associado. No entanto, a Justiça considerou que os documentos apresentados não demonstraram com clareza o direito alegado, nem dúvida suficiente sobre a legalidade do procedimento administrativo.
Além de Jorge, outros 15 associados foram afastados preventivamente, incluindo ex-diretores e conselheiros ligados a Melo no Corinthians. A Comissão de Ética também intimou mais de uma dezena de conselheiros para se manifestarem sobre o caso, podendo ampliar o número de suspensões. Ao fim do processo, todos os envolvidos correm o risco de expulsão definitiva do clube.
O episódio reforça o clima de instabilidade nos bastidores do Corinthians, que vive uma intensa disputa política desde o início das investigações sobre o contrato com a empresa Vai de Bet. Enquanto o clube tenta manter o foco no Campeonato Brasileiro, a diretoria interina liderada por Osmar Stabile aguarda o desfecho das ações judiciais e disciplinares que envolvem o ex-presidente e seus aliados.
Pagamento a Memphis gera insatisfação entre atletas do futebol feminino, que também aguardam quitação de premiações atrasadas
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O Corinthians oficializou um acordo com o elenco para quitar cerca de R$ 12 milhões em premiações e direitos atrasados. A decisão veio após o atacante Memphis Depay manifestar forte insatisfação com os valores pendentes, o que provocou um clima de tensão interna e alertou a diretoria sobre o risco de desfalques importantes. O clube agora trabalha para normalizar os pagamentos e acalmar os ânimos no vestiário.
Memphis, que é o principal nome do elenco, havia notificado o clube em duas ocasiões, em maio e junho, exigindo o pagamento imediato das dívidas. Os valores devidos ao atacante chegam a R$ 6,1 milhões, referentes a bônus de performance, direitos de imagem e premiações específicas do Campeonato Paulista. O restante do montante corresponde aos demais jogadores do elenco profissional masculino.
A nova gestão alvinegra, liderada por Osmar Stábile, estruturou um plano emergencial para regularizar a situação com os atletas. A medida busca não apenas cumprir obrigações financeiras, mas também restaurar a confiança no ambiente interno do clube e evitar que novas crises venham à tona em meio à temporada. A expectativa é que, com o pagamento efetivado, Memphis retome sua rotina normalmente com o grupo.
A repercussão do acordo, no entanto, não foi totalmente positiva. Atletas do futebol feminino demonstraram insatisfação com a prioridade dada ao atacante, já que também aguardam a quitação de premiações atrasadas. O valor devido às jogadoras seria significativamente menor, representando menos de 5% do que foi destinado a Memphis, o que gerou críticas sobre a falta de equidade no tratamento interno.
Mesmo com a controvérsia, a diretoria acredita que o acerto com o elenco masculino é um passo importante para reequilibrar as finanças e retomar o foco esportivo. O Corinthians agora espera um ambiente mais estável para seguir na temporada e projeta novas ações para resolver pendências com outras categorias do clube nos próximos dias.
Torcedores picham muros do Parque São Jorge em protesto contra Memphis Depay e presidente afastado Augusto Melo, gerando tensão no clube
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Na madrugada desta quarta-feira (23), os muros do Parque São Jorge, sede social do Corinthians, amanheceram pichados com protestos direcionados ao atacante Memphis Depay e ao presidente afastado Augusto Melo. As mensagens refletem a insatisfação da torcida com a atual gestão e a situação financeira do clube.
Entre as frases encontradas, destacam-se: "Memphis, devolve o dinheiro", "Augusto, você é o próximo" e "Fora, Pinóquio". Essas manifestações fazem referência ao atraso nos pagamentos aos jogadores e à reprovação das contas de 2024, que resultaram em um processo de impeachment contra o presidente.
Além das pichações, o estabelecimento de Augusto Melo também foi alvo de vandalismo. A fachada do local foi danificada, evidenciando o clima de tensão e descontentamento entre os torcedores.
O Corinthians, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que está tomando as medidas legais cabíveis em relação aos atos de vandalismo e que está comprometido em resolver as pendências financeiras com seus jogadores. A diretoria também afirmou que está trabalhando para restabelecer a confiança da torcida e melhorar a gestão do clube.
A situação atual evidencia a necessidade urgente de transparência e responsabilidade na administração do Corinthians, visando a recuperação da imagem do clube e o retorno à estabilidade financeira e esportiva.
Ex-mandatário do clube alvinegro afirma estar sendo importunado politicamente e critica gestão atual por expor dados fora de contexto
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O ex-presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, negou de forma veemente as acusações de gastos indevidos durante sua gestão à frente do clube. Após a divulgação de relatórios que apontam possíveis irregularidades, o dirigente afirmou que está sendo atacado injustamente: “Faz um ano que estou apanhando”, declarou. Ele classificou os documentos como manipulados e ressaltou que todas as despesas foram realizadas dentro da legalidade.
Duilio também sugeriu que os ataques fazem parte de uma estratégia da atual gestão, comandada por Augusto Melo, para desviar o foco dos problemas do time dentro de campo. Segundo ele, existe uma tentativa clara de criar uma “cortina de fumaça” diante da má fase da equipe no Campeonato Brasileiro. “Não tenho mais cargo, não estou mais no clube, mas sigo sendo alvo de inverdades”, desabafou.
O ex-mandatário do Timão argumentou que sua administração enfrentou dificuldades financeiras herdadas e, mesmo assim, conseguiu renegociar dívidas e manter a estrutura do clube funcionando. Ele ainda afirmou que parte das acusações se baseia em dados distorcidos e que os valores divulgados não refletem a realidade dos contratos firmados.
Durante sua fala, Duilio também criticou a postura da atual diretoria em relação à transparência. Disse que não há compromisso em esclarecer os gastos próprios e que o discurso de austeridade tem sido usado apenas para justificar decisões impopulares. Segundo ele, há falta de responsabilidade ao expor informações incompletas, o que alimenta desinformações nas redes sociais.
Por fim, Duilio reafirmou que está tranquilo quanto à sua conduta e que está à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários. O ex-presidente concluiu dizendo que segue sendo alvo por razões políticas e lamentou que, mesmo após o fim de seu mandato, ainda precise se defender publicamente de acusações que considera infundadas.