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A recente investigação da Polícia Civil sobre o escândalo envolvendo o Corinthians e a empresa VaideBet revelou uma trama interna marcada por disputas políticas e estratégias controversas no alvinegro. O ex-aliado do então presidente Augusto Melo, Armando Mendonça, foi apontado como o responsável por uma operação paralela com o objetivo de desestabilizar a gestão do clube.
Sentindo-se excluído das decisões administrativas após a saída de seu aliado Rubens Gomes, conhecido como Rubão, Armando contratou uma agência de detetives para investigar a empresa Neoway, suspeita de envolvimento em irregularidades no contrato de patrocínio.
A investigação particular revelou que Edna Oliveira dos Santos, suposta sócia da Neoway, desconhecia qualquer vínculo com a empresa, o que levantou suspeitas sobre a autenticidade da organização. Armando confrontou Augusto Melo com as informações obtidas e exigiu o afastamento de dois dirigentes: Marcelo Mariano e Sérgio Moura. Diante da recusa de Augusto, que alegou falta de base legal, Armando optou por vazar os dados à imprensa, o que culminou na rescisão do contrato com a VaideBet e na perda de R$ 25,2 milhões em receitas para o clube.
A polícia concluiu que Armando priorizou interesses pessoais em detrimento da estabilidade institucional, agravando a crise no Corinthians. A renúncia dos dirigentes só ocorreu após a abertura do inquérito, e Armando acabou isolado politicamente. O episódio contribuiu para o impeachment de Augusto Melo em maio de 2025 e para uma onda de protestos da torcida, que exigiu reformas estatutárias para o clube.
O relatório final da polícia descreve o episódio como um ciclo de autodestruição alimentado por vingança e ambição. A tentativa de expor um suposto esquema de corrupção acabou aprofundando a instabilidade no clube, comprometendo sua imagem e finanças. A crise escancarou a fragilidade da governança corintiana e a necessidade urgente de maior transparência e responsabilidade na condução de seus contratos e decisões estratégicas.
Veja como se desenvolveu a trama que envolve Armando Mendonça, Augusto Melo e o Corinthians:
• Rubens Gomes (“Rubão”), braço direito de Armando Mendonça, deixa a diretoria executiva do Corinthians. Isso marca o início do afastamento de Armando das decisões do clube.
• Armando contrata a agência de detetives Venus para investigar a empresa Neoway, suspeita de ser “laranja” no contrato de patrocínio com a VaideBet.
• Ele confronta Augusto Melo com gravações e documentos obtidos na investigação particular e exige o afastamento de dois dirigentes: Sérgio Moura e Marcelo Mariano. Augusto recusa, alegando falta de base legal.
• Armando entrega os documentos ao jornalista Juca Kfouri, que publica a denúncia sobre o repasse de R$ 1,4 milhão à Neoway.
• A VaideBet rescinde o contrato de patrocínio com o Corinthians, alegando violação de cláusula anticorrupção. O clube perde R$ 25,2 milhões em receitas e aumenta crise.
• A Polícia Civil abre inquérito formal para investigar o caso, incluindo os métodos usados por Armando e os repasses suspeitos.
• O processo de impeachment contra Augusto Melo avança no Conselho Deliberativo. A Justiça rejeita o argumento de que ele teve seu direito de defesa cerceado.
• Augusto Melo é afastado da presidência por impeachment. Osmar Stábile assume interinamente.
Fatura com despesas pessoais em nome do ex-presidente durante recesso em Pipa (RN) mobiliza conselheiros do Parque São Jorge
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O ex-presidente Andrés Sanchez voltou ao centro das discussões políticas no Corinthians após a revelação de uma fatura do cartão corporativo do clube, datada de janeiro de 2021. O documento aponta cerca de R$ 10 mil em despesas pessoais realizadas em dezembro de 2020, no período em que o dirigente já havia pedido afastamento do cargo.
Entre os gastos, estão despesas em Pipa (RN), destino turístico no município de Tibau do Sul. A revelação gerou reação por parte da oposição, que passou a articular um processo de expulsão de Sánchez do quadro associativo do clube, aproveitando a atual configuração do Conselho Deliberativo, onde o ex-presidente não possui maioria.
Aliados próximos afirmam que Andrés pretende devolver os valores antes que o processo avance oficialmente. No entanto, os registros reforçam uma prática já conhecida no clube: o uso frequente de dinheiro em espécie para cobrir despesas durante sua gestão.
Nos bastidores, aliados do atual presidente Augusto Melo articulam uma estratégia para alertar os sócios sobre a possível retomada de influência de Andrés no clube. A movimentação acontece às vésperas da Assembleia marcada para o dia 9 de agosto, que pode decidir pela permanência ou saída de Melo.
Também há a possibilidade de abertura de outras faturas referentes ao período de mandato de Sánchez. O nome de Antônio Roque Citadini aparece como possível candidato à presidência, com apoio de Andrés, caso ocorra uma mudança na condução da diretoria corinthiana.
Ação movida contra o time paulista expõe bastidores do contrato com a casa de apostas encerrado meses após acordo ser firmado
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O empresário Sandro dos Santos Ribeiro ingressou com uma ação judicial contra o Corinthians nesta quinta-feira (11), cobrando R$ 8,4 milhões. Ele alega ter sido um dos intermediários do contrato firmado entre o clube e a empresa de apostas VaideBet no início de 2024. A informação foi publicada pelo ge e confirmada pela Gazeta Esportiva.
Segundo a ação, Sandro reivindica um terço da comissão de 7% do valor total do acordo, estimado em R$ 360 milhões. O clube, no entanto, reconheceu como intermediária a empresa Rede Social Media Design LTDA, ligada a Alex Cassundé, integrante da campanha de Augusto Melo. O pagamento das comissões foi interrompido após duas parcelas, no valor total de R$ 1,4 milhão.
A investigação da Polícia Civil de São Paulo aponta que Cassundé não foi o responsável pela intermediação. De acordo com o inquérito, a inserção do nome dele no contrato teria ocorrido de forma simulada, com o objetivo de desviar recursos. O presidente afastado Augusto Melo e outros três dirigentes foram indiciados.
A assessoria de Augusto Melo disse que o contrato "seguiu todos os trâmites legais" e reafirmou a inocência do dirigente. “Já solicitei oficialmente a quebra do sigilo do meu processo criminal, justamente para que toda a sociedade tenha acesso aos autos”, afirmou Melo.
O Corinthians, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre a ação. Armando Mendonça, vice-presidente interino, comentou o caso: “A ação é mais um prejuízo financeiro e para a imagem do Corinthians provocado pelo Augusto Melo”, afirmou.
Ex-dirigente do clube prometeu devolver o valor gasto, após confirmação de despesas com itens como restaurante, hotel e loja online
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O ex-presidente Andrés Sanchez confirmou a veracidade das informações divulgadas nas redes sociais sobre o uso do cartão corporativo do Corinthians para fins pessoais. A revelação foi feita após a publicação dos dados pelo perfil @Prmalaoficial e posteriormente confirmada pelo jornalista Marco Bello.
Segundo Bello, Sánchez reconheceu os gastos e afirmou que irá restituir os valores ao clube. “Falei com o ex-presidente, que confirmou a veracidade do documento, e disse que depositará o valor exato na conta do clube”, relatou o jornalista em publicação nas redes.
Os registros do cartão corporativo do Corinthians indicam despesas que somam R$ 10.744,52. Entre os gastos listados estão pagamentos em restaurantes, hotel, loja de suplementos e aplicativo da Apple. Também constam valores destinados a salão de beleza e agência de turismo.
Entre os itens detalhados aparecem compras como R$ 6.750,00 em agência de turismo, R$ 2.222,50 em hotel, R$ 482,39 no restaurante Barbacoa e R$ 415,00 no Villa Hair. Há ainda despesas menores como R$ 10,90 no Apple.com/bill e R$ 39,99 na Testomaster.
A situação ocorre em meio ao cenário de crise financeira no Corinthians, com dificuldades para equilibrar as finanças e honrar compromissos. A diretoria atual não se manifestou oficialmente sobre o caso até o momento.